A artrite reumatoide (AR) é uma doença autoimune crônica caracterizada pela inflamação persistente das articulações, resultando em dor, rigidez e inchaço articular e, em casos avançados e sem tratamento, deformidades articulares. O manejo da artrite reumatóide é multifacetado, incluindo medicamentos, terapias físicas, alterações no estilo de vida e, em algumas situações, intervenções cirúrgicas. Este artigo explora detalhadamente os aspectos do tratamento para artrite reumatóide, com enfoque em suas diferentes dimensões e abordagens.
Compreendendo a artrite reumatoide e sua importância no tratamento
A artrite reumatoide é uma condição autoimune, ou seja, ocorre quando o sistema imunológico ataca erroneamente os tecidos do próprio corpo. No caso da AR, as membranas sinoviais que revestem as articulações são os principais alvos desse sistema autoimune desrregulado. Este processo leva à inflamação crônica, que, se não tratada, pode progredir para danos articulares irreversíveis e comprometimento da qualidade de vida do paciente portador da condição.
É importante ressaltar que órgãos como os pulmões, os olhos, os rins e os nervos periféricos também podem ser afetados pela doença. O reconhecimento do acometimento extra-articular da AR é importante pois pode interferir na escolha do tratamento, mudar o curso clinico da doença e evitar assim as possíveis complicações.
O tratamento visa alcançar dois objetivos principais: controle dos sintomas – como dor e inflamação – e prevenção de danos articulares de longo prazo. Para tanto, estratégias eficazes e personalizadas devem ser implementadas, considerando a gravidade da doença, a idade do paciente e possíveis comorbidades. As terapias atuais possibilitam, em muitos casos, uma remissão da doença ou a manutenção de baixos níveis de atividade inflamatória.
O reconhecimento das manifestações precoces da doença é crucial, pois há uma “janela de oportunidade” durante o qual intervenções assertivas podem prevenir danos irreversíveis. Embora a artrite reumatoide ainda não tenha cura, os avanços terapêuticos têm proporcionado melhores resultados para os pacientes.
Medicamentos usados no tratamento da artrite reumatoide
Os medicamentos desempenham um papel central no manejo da artrite reumatoide, sendo classificados em diferentes categorias baseadas no mecanismo de ação e na finalidade terapêutica.
Fármacos anti-inflamatórios e analgésicos
Estes medicamentos são usados para aliviar os sintomas imediatos da AR, como dor e inflamação. Embora não alterem o curso da doença, seu uso é essencial no controle sintomático:
- Anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs): Reduzem o inchaço e a dor. Exemplos incluem ibuprofeno e naproxeno.
- Corticosteróides: Oferecem alívio rápido da inflamação, sendo frequentemente usados em surtos agudos ou como terapia temporária enquanto outras medicações de longo prazo começam a fazer efeito. Podem ser administrados de maneira endovenosa, mas frequentemente por via oral. As injeções intra-articulares de corticosteróides também podem ser alternativas em caso de acometimento articular com inflamação e dor persistente ou de difícil controle.
Fármacos modificadores do curso da doença (DMARDs)
Estes medicamentos são projetados para interromper ou retardar a progressão da AR, atuando em acometimentos articulares e também extra-articulares. Eles incluem:
- DMARDs sintéticos: Opções habitualmente usadas por via oral que incluem medicações como o metotrexate, leflunomida, sulfassalazina e hidroxicloroquina.
- DMARDs biológicos: Estes são medicamentos que agem em componentes específicos do sistema imunológico e são administrados por vaia subcutânea ou endovenosa. Exemplos são medicações inibidoras do fator de necrose tumoral (TNF), como adalimumabe, golimumabe, e inibidores de interleucinas (IL) e outras moléculas, como tocilizumabe, rituximabe, abatacepte, entre outras.
- Inibidores de JAK: Representam uma classe de medicamentos orais mais recentes, sintéticos, que regulam os sinais inflamatórios da via JAK-STAT, importante na sinalização da inflamação da AR.
Outros agentes terapêuticos
Terapias complementares no manejo da artrite reumatoide
Além do uso de medicamentos, a inclusão de terapias não farmacológicas é fundamental para melhorar a qualidade de vida do paciente.
Fisioterapia e reabilitação
A fisioterapia desempenha um papel vital no fortalecimento muscular, melhoria da mobilidade articular e manutenção da funcionalidade. Programas de exercícios personalizados podem incluir:
- Alongamentos leves para reduzir a rigidez.
- Exercícios de baixo impacto, como caminhada e hidroterapia.
- Técnicas para proteger as articulações durante atividades diárias.
- Em fases de maior estabilidade, exercícios resistidos para ganho de massa muscular e aeróbicos para melhorar a saúde cardiovascular.
Intervenções ocupacionais
Um terapeuta ocupacional pode ajudar o paciente a modificar atividades e usar dispositivos auxiliares para minimizar o esforço nas articulações afetadas.
Psicoterapia e suporte emocional
A artrite reumatóide, sendo uma condição crônica, pode impactar a saúde mental. Sessões de aconselhamento individual ou participação em grupos de suporte ajudam os pacientes a lidar com os desafios emocionais da doença.
Mudanças no estilo de vida e sua influência no tratamento
A adoção de hábitos saudáveis é uma parte crucial do manejo da artrite reumatoide. Algumas mudanças incluem:
- Dieta balanceada: Alimentos ricos em ácidos graxos ômega-3, como peixes e sementes de chia, possuem propriedades anti-inflamatórias.
- Manutenção do peso corporal: O excesso de peso pode aumentar o estresse e inflamação nas articulações.
- Parar de fumar: O tabagismo está associado à piora dos sintomas da AR e reduz a eficácia dos tratamentos.
Abordagem cirúrgica e outros procedimentos em casos avançados
Em casos de artrite reumatóide grave, quando os tratamentos convencionais não são suficientes, a cirurgia pode ser uma opção. Os procedimentos incluem:
- Sinovectomia, que remove o tecido inflamado das articulações;
- Artroplastia, substituindo articulações danificadas por próteses artificiais;
- Artrodese, que promove fusão articular para estabilizar as articulações afetadas.
Considerações sobre o tratamento para artrite reumatóide
O tratamento da artrite reumatoide é complexo e multifacetado, exigindo uma abordagem interdisciplinar que envolva reumatologistas, fisioterapeutas, nutricionistas e outros profissionais de saúde. A personalização das terapias com base nas necessidades específicas de cada paciente é fundamental para alcançar os melhores resultados possíveis.
Além disso, o sucesso do tratamento depende significativamente da adesão do paciente ao plano terapêutico, reforçando a importância do acompanhamento médico contínuo e da educação sobre a doença.
Com os avanços contínuos na medicina e nas opções terapêuticas, pacientes com artrite reumatoide têm agora maiores chances de viver vidas ativas e produtivas, apesar dos desafios impostos pela condição.


